Dica de Daniel Lutosa
A SANTA IGREJA E OS EXPLORADORES DE CAVERNA
Instados a apresentar o posicionamento da Santa Igreja a respeito do homicídio seguido de canibalismo praticado pelos jovens exploradores de caverna, o Santo Padre e Santa Igreja pensam como segue:
O Homicídio
Desde os primórdios da vida humana, o homicídio é condenado. Na Bíblia, observa-se no primeiro caso relatado no livro de Gêneses, escrito por Moisés, que Caim matou Abel pelo rancor e pela inveja quando sua oferta foi rejeitada em oposição ao que acontecera com a de seu Irmão. O texto bíblico nos diz: “Disse Caim a Abel, seu irmão: Vamos ao campo. Estando eles no campo, sucedeu que se levantou Caim contra Abel, seu irmão, e o matou. | Disse o SENHOR a Caim: Onde está Abel, teu irmão? Ele respondeu: Não sei; acaso, sou eu tutor de meu irmão | E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue de teu irmão clama da terra a mim. | És agora, pois, maldito por sobre a terra, cuja boca se abriu para receber de tuas mãos o sangue de teu irmão. | Quando lavrares o solo, não te dará ele a sua força; serás fugitivo e errante pela terra. | Então, disse Caim ao SENHOR: É tamanho o meu castigo, que já não posso suportá-lo. | Eis que hoje me lanças da face da terra, e da tua presença hei de esconder-me; serei fugitivo e errante pela terra; quem comigo se encontrar me matará. | O SENHOR, porém, lhe disse: Assim, qualquer que matar a Caim será vingado sete vezes. E pôs o SENHOR um sinal em Caim para que o não ferisse de morte quem quer que o encontrasse.” Gêneses 4:8-15.
O fato foi considerado de tamanha relevância do ponto de vista Divino que foi ordenado que ele saísse peregrinando em terras desconhecidas, retirando-o do convívio de sua família.
O valor da vida foi ali demonstrado por Deus de tal maneira que este marcou Caim de forma que ninguém pudesse tirar sua vida. Uma mensagem muita clara estava sendo passada, nem mesmo a vida de um assassino estaria disponível.
A vida não é um bem disponível e nenhuma justificativa é boa o bastante para autorizar o oposto. Um bem dado por Deus, só por ele pode ser tirado. Isto está previsto em I Samuel 2:6 “O senhor é o que tira a vida e a dá; faz descer a sepultura e torna a subir dela”.
Ninguém pode dispor da vida de ninguém. Isso é verdade absoluta dentro da Bíblia: quando Nosso Senhor Jesus Cristo diz para darmos a César o que é de César e a Deus o que é de Deus (Mateus 22:20 e 21), tal atitude, automaticamente, desautoriza a ultrapassagem dos limites estabelecidos por ele para o homem.
Até mesmo quando foi admitido o “olho por olho e dente por dente” em Êxodo 21:24, a intenção era impedir que alguns, pensando ter o direito de matar alguém, dessem vazão ao seu instinto assassino.
Se a Santa Igreja não autoriza o Estado a tirar a vida de uma pessoa – por pior que ela possa ser considerada - tanto menos aceitará que um contrato, acordo ou qualquer que seja a razão apresentada, venha permitir que alguém tire a vida de seu semelhante.
Não matarás! O povo de Israel recebeu de Deus, escrito de próprio punho nas Tábuas da Lei entregues a Moisés, o mais fundamental de todos os mandamentos. Nenhum outro seria aplicável na inexistência da vida. É uma ordem expressa que vem direto do trono celestial e não temos a opção de desrespeitá-la (Êxodo 20:13).
O Canibalismo
Em pleno século XXI, devíamos ter encontrado alternativas ao consumo de carne. É bárbaro tirarmos a vida de um animal – ser vivo – para que nos sirva de alimento.
Se não é aceitável o consumo de carne nas condições já postas, como admitiríamos tamanho desrespeito ao corpo de um ser humano que, como sabemos, fora criado à imagem e semelhança do próprio Deus? Devemos regredir a uma escuridão de alma onde a mais asquerosa ação que pode ser praticada, encontre justificativa.
“Disse-lhe mais o rei: Que tens? E disse ela: Esta mulher me disse: Dá cá o teu filho, para que hoje o comamos, e amanhã comeremos o meu filho.
Cozemos, pois, o meu filho, e o comemos; mas dizendo-lhe eu ao outro dia: Dá cá o teu filho, para que o comamos; escondeu o seu filho.
E sucedeu que, ouvindo o rei as palavras desta mulher rasgaram as suas vestes, e ia passando pelo muro; e o povo viu que o rei trazia cilício por dentro, sobre a sua carne,
E “disse: Assim me faça Deus, e outro tanto, se a cabeça de Eliseu, filho de Safate, hoje ficar sobre ele.” 2 Reis 6:28-31.
Se o Rei, sendo homem, não suportou tal comportamento, como Deus trataria tal pecado? Esse é um pecado de morte e os que o praticam, não entrarão no reino dos céus.
Somos o templo do Divino Espírito Santo de Deus. Não somos comida!
Diante do exposto, só resta a excomunhão dos quatro jovens, sendo ela a mais severa pena praticada pela Santa Igreja.
No caso específico da pena de morte, mesmo com a gravidade dos fatos, não podemos concordar com o Estado tomando o lugar de Deus. É indiscutível que os rapazes precisam ser responsabilizados por seus atos. Entretanto, Deus é o doador da vida e só ele pode tirá-la.
Roguemos a Nossa Senhora que conceda o merecido descanso ao jovem Whetmore, no seio de seu filho Nosso Senhor Jesus Cristo, e ao Divino Espírito Santo que possa acalentar as pobres almas dos jovens acusados.
Salvador, 30 de Maio de 2011.
Dom Amaro Oliveira
Cardeal Arcebispo da Bahia
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OPINIÃO:
Mano Daniel
Saúde e Paz,
O que penso acerca do tema “não muda” muito o que já está dito.
Vamos lá,
Tenho uma opinião pessoal e que deriva apenas do Evangelho, segundo o meu discernimento...,
Em relação ao “crime” cometido por Caim contra seu irmão Abel, se fosse o contrário, não seria configurado também um crime? Crime por crime tem que haver uma motivação para tal ação que desabone a conduta de um homem sensato.
Ora, hipoteticamente, se Abel agisse em sua “legitima” defesa, se esquivando do golpe de seu irmão e investisse contra o agressor de forma que o levasse a morte? Imagine Abel esfacelando o crânio de Caim.
Na mesma toada não se configuraria uma pulsão animal (acesso a ira) entre ambos os homens de lutar para se sobreviver neste mundo cão-caído? E mais, onde a disputa de espaço pulsa instintiva-mente no homem animal, e neste caso se tratando da pré-história, temos aqui dois bárbaros e nômades (sem canibalismo, e percebe-se aqui que já havia sido descoberto o fogo)?
Tendo em vista que ninguém senão Deus poderia julgar tal ação como crime-crime, pois, o direito a vida era o dever de não matar o próximo, e aqui não se interpreta hermeneuticamente que entre ambos os irmãos havia um senso de justiça que se configurasse “numa legítima defesa” a favor de Abel, se o mesmo conseguisse se livrar da investida de seu agressor-irmão Se a questão fosse à pena ou a força da Lei (da consciência)– Não se poderia matar (assassinar).
Mas de lá pra cá a pedra do moinho vem girando, as civilizações se ploriferando e o mal se multiplicando, e se instalando entre os homens, daí exige-se do Legislador pôr uma ordem nesta “joça”.
Decerto que no texto está explicitamente mostrado o motivo que levou Caim a praticar o homicídio (inveja). Entretanto fica uma reflexão em suspense, como era o relacionamento de ambos no seio da família? Qual o conceito de família, cidade, comunidade e sociedade que os homens possuíam naquele tempo, diga assim de passagem, tão primitiva-Mente no pensar sociológico, á começar pelos conceitos da moral e da ética numa intuição subjetivada pela própria consciência herdada de seus pais.
Sem dúvidas através dos sinetes da perfeição ético-moral que se desbotaram e mofaram através dos tempos...
Um exem. bastante simples foi a Torre de Babel, uma carnificina só.
Sei que não estou reverberando para leigos, mas vale salientar que naquela época nem mesmo a lei moral fora instituída por Deus (nem o decágono), aliás, a minha fala não foge também de um arcabouço Serafiniano. O que contava mesmo era com a lei da consciência humana [logra um juiz(o) maior e é daí que surge o Ethos-ética] em relação ao outro semelhante.
O Apost. Paulo bem mais tarde e bem mais civilizado no pensar social vai dizer aos irmãos na igreja – “Cada homem examine a si próprio!”
Desta forma fica discernido entre nós de que o homem de fato não conhece o bem do mal e nem sabe discernir o mal do bem e somente Deus é capaz de tal verdade, visto que, trigo e joio bem se parecem e nem por isso são iguais, mas semelhantes em quase tudo!
Todavia cabe ao homem se auto-julgar antes que de outrem nasça um juiz (o) que o condene e vice-versa. O homem apenas intui o que seja o bem e o mal para a sua vida interrelacional em comunidade.
O canino-canibalismo se remete quanto ao instinto de sobrevivência (desde a pré-história pra cá) quanto a um desencadeamento patológico psicótico (de um individuo que se ENCAVERNOU em seus delírios lunáticos, diferente de uma condição inata de canibalismo)!
Tente imaginar uma figura como Sansão [exerceu o cargo de juiz em Israel e em uma única chance matou centenas de filisteus com uma queixada de burro] vivendo nos dias de hoje, e com o mesmo estereótipo, ora, ele logo-logo seria tachado como um sociopata inveterado!
Com o passar do tempo as coisas se "evoluíram" para que se garantissem os direitos e os deveres dos homens diante de um sistema governamental.
-- Todavia o titulo deste artigo se relaciona ao mito “HOMEM BRANCO RELIGIOSO” e não tão somente a figura mítica do canibal. Aliás, mito por mito, eu não minto, mas me asseguro assertivamente que a antropologia se limita aos mitos que são manufaturas de suas próprias idiossincrasias patomitológicas!
E por quê? Por que a catequese mais exigia do fiel do que oferecia algo - a espoliação provocada pelo homem branco sem precedentes.
Sim, seus arquétipos perpassam os interesses para além do bem e do mal; fincam bandeira filosófica no campo da religião pagã e armam suas tendas nas cavernas da ignorância sacerdotal fazendo do outro ser um prosélito!
Trocando em miúdos eu diria: A figura mítica clerical sempre estará em voga neste chão incerto com suas espoliações (intelectuais e materiais) a fazer, desde o mais incauto aos munidos de santa ignorância pagã – Tudo que burrifica o ser.
A igreja institucional já se liquefez e há tempos, cego é todo aquele que ainda não quis ver a putrefação deste sistema!
Ora, e falando do cristianismo propriamente dito, a História não mente ainda quem possua seus mitos, e o que é irônico: A santa Igreja (católica) institucional não permite ao Estado (responsável legal pela incolumidade de cada cidadão concedendo o direito a vida), mas ela mesma com a mãe de todas as heresias: excreta, dissimula, espolia, desagrega os filhos do Bom Pastor infanticida-mente, e extermina massas num surto dado ao CANIBALISMO SOCIO-RELIGIOSO, e esses lobos visíveis são mais "canibais" nas suas "antropofagias teológicas" e tirânicas do que mesmo os sílvicolas canibais .
Proíbe-se o casamento dos sacerdotes católicos e o uso de preservativos por parte dos fieis, mas não fazem um consenso do índice de pedófilos fabricados em seus monastérios [isso sim que canibaliza o eu e zumbifica o ser hominal].
Ela sim a “igreja” é mãe de todas as bestas-Cains da Terra, inclusive a falácia do canibalismo sacerdotal – somente pra se auto-justificar por seus entes-maldades canibalescos dado ao proselitismo católico selvático!
Ela mata em série, como na noite da São Bartolomeu, uma luxuria da rainha Margot, e com suas SANTAS INQUISIÇÕES sempiternas (mesmo depois da Idade Média ela (a igreja) continua a “queimar vivas” gentes em pleno Sec. XXI)...,
Segundo S. João em uma de suas cartas a Igreja cristã do I Século, ele afirma que todo aquele que diz que ama a Deus sem o ver e tocá-Lo, e nutre um ódio de morte pelo seu irmão é um HOMICIDA em potencial e em si mesmo não possui vida pacificada de lá eternidade!
Não faço nenhuma apologia ao crime de morte e a nenhum tipo de assassinato, porém, o caso do caído-Caim, mesmo sendo citado na Bíblia como o primeiro homicídio-homícidio e que Deus um dia faria justiça a Abel assim como todo derramamento de sangue inocente, talvez, fosse um caso isolado, ao contrário de tantos outros que lavaram a terra no afã de abolir dois princípios que estão na Bíblia como Lei-Palavra de Deus aos homens:
A) No A.T. quanto no N.T. fica explicito que o mais importante na relação entre os homens seja em garantia do direito a vida.
B) Segundo principio escancarado na Bíblia deixa claro que nenhum homem poderá ser dono de outro homem como se o outro fosse objeto de seu próprio desejo, manipulação e consumo.
Todavia a nossa sociedade ama no amor liquido (imediato e condicional), onde o amor sólido (incondicional e permanente) já se desfez paulatinamente nos entremeios dos inter-relacionamentos sociais, fraternais e por fim religiosos. E mais o nível cultural hoje em dia conta muito para o processo de evolução eco-hominal e eco-espiritual humano.
Antes se pensava acerca dos homens, ali vai um homo-erectus, depois homo-sapiens por fim um homo-consumis. O último mata bem mais em razão de possuir (pela cobiça e usurpação) do que o primeiro que agia segundo a sua pulsão animal sem conhecimento do pecado, já o homo-sapiens conhecedor do pecado através da lei refugia-se na antropologia para tentar de alguma maneira, mesmo que teológica, dissecar a mente de Deus.
Um beijo meu "filho",
Mano Serafim