O mar...Por Mano Serafim
Do olhar indistintamente sereno de Dorival Caymmi se vislumbra que o mar quando quebra na praia é bonito. Do azul-verde cor do
mar a brancura espumante das ondas ao bramir selvagemente nas encostas rochosas
se registra a sua imponência ante a natureza...,
Sua imensidão de águas, ora
inquietas, ora em bonança, aliado aos ventos que formam o fenômeno das ondas
que lambem avassaladoramente as areias das praias tirando e devolvendo grão por
grão ao seu devido lugar.
No mar se escondem incríveis seres de imensurável beleza – das imensas criaturas marinhas em regiões abissais aos minúsculos mexilhões em regiões rochosas costeiras (indicador de poluição marinha e grande produtor pérolas semelhante as ostras)..., quanto aos seres tidos como algas marinhas, os quais
agem no equilíbrio para o ecossistema (fauna e flora) marinho, produzindo e liberando
toneladas de oxigênio para a biosfera, e por outro lado existem as águas-vivas (as medusas dos oceanos) possuem um mecanismo de
defesa contra os predadores, elas possuem um espinho que liberam uma toxina (veneno) capaz de
paralisar o cérebro de uma baleia em questão de segundos, como pequenos peixe para seu alimento.
Pergunto: quem num banho de mar
ressaqueado nunca se deparou com uma água-viva – a sorte nossa na maioria das
vezes é que quando elas vêm à superfície já estão mortas e daí as suas toxinas
se diluíram na água e o contato com a nossa pele ocasionam apenas uma
queimadura branda (risos), na verdade eu nunca tive este desprazer no mar.
De uma fauna aquática rica de
vegetais chamados plânctons que alimentam os grandes predadores dos mares, os
tubarões brancos e suas ninhadas a um espetáculo de cores em uma nuance e
gestos sincronizados do peixe-palhaço (psicodélico) flagrado pelas lentes da câmera do
mergulhador...,
E o que arrazoar sobre o
mecanismo inato dos polvos miméticos? Eles se camuflam extraordinariamente de
acordo com o ambiente em estejam escondidos, de plantas, mocas, arrecifes e até
mesmo objetos estranhos como um navio afundado há anos – eles se camuflam e
ficam da mesma cor do objeto da embarcação submersa.
Abaixo da Plataforma Continental onde
o acesso a luz solar é impossível habitam criaturas exóticas e esteticamente
pré-históricas aos olhos perquiridores da ciência.
Pescadores e velejadores se
entregam ao mar aberto, e por mais tecnologia disponível que obtenham, nenhum
homem é capaz de discernir do que será em alto-mar.
São fatos históricos os acidentes
com várias embarcações de grande e de pequeno porte; naufrágios mil;
afundamentos de navios de guerra; sem registrar as caravelas expedicionárias que
foram engolidas pelos oceanos antes de atracarem num punhado de terra por
vários continentes por ai afora...,
Pela fé homens se embrenharam com
as suas naus dentro dos oceanos sem destinos algum, porém, a fim de chegarem às
terras que lhes completassem seus sonhos de construir riquezas incontáveis...,
descobriram as minas do rei Salomão: as Índias que não era a [Índa], mas
índias, as mulheres dos índios..., terras férteis, ouro, pratas e toda a sorte
de espoliação.
De certo que muitos poetas e
escritores fizeram seus poemas em plena navegação com seus olhos microscópicos e
sentidos aguçados lançados ao mar. e outros nem ao mar se lançaram
verdadeiramente, e até hoje desconhecem que suas águas sejam salgadas.
O medo do mar se materializou
ultimamente pelo mistério que engloba o triângulo das Bermudas ou como
popularmente é chamada, a garganta do diabo..., neste lugar tudo que passa por
perto dele é tragado, desaparecem sem deixar pistas – semelhante a um buraco
negro no cosmos!
Quem nunca parou pra ouvir
estórias de pescadores acerca do mar?
Na antiga Grécia se ouvia a
estória mitológica do monstro marinho que engolia embarcações repletas de
pessoas em alto-mar, a famigerada serpente marinha, Leviatã.
Da mitologia grega aos mares brasileiros
em costa pernambucana na praia de boa viagem no Recife-Pe, um filho dos mares,
um shark (tubarão) abocanhou um surfista pensando ser alimento..., sabendo-se
que tubarões detestam sangue e carne humana assim que eles mordem e sente o
sabor do sangue humano na boca eles vomitam imediatamente (eles adoram filé de
golfinhos e as sardinhas frescas).
Do que dizer sobre a riqueza de
nossas costas marinhas em peixes e mesmo assim compramos peixe do outros países
para nos alimentar...,
Os salva-vidas alertam; “água só
até na cintura acima disso é afogamento certo!”
Ora, e quem que já brincou com as
ondas num veraneio nunca tomou um caldo de uma onda?
Isso que é diversão (com dois
“S”)...,
Confiar no mar é não temer e respeitar a sua força, mistério e
soberania!
Eu, em particular o respeito e
muito...,
Ora, e os discípulos de Jesus
ficaram impressionados com a calmaria do Mestre em sono profundo sobre a proa
de um barco, o mar nesta ocasião estava revolto e eles apesar de serem
pescadores experientes se borraram de medo.
Jesus desperta não pela rebeldia
das ondas que ameaçavam virar a embarcação onde eles estavam navegando, mas por
causa do medo e da algazarra de seus discípulos.
E o que os evangelhos registram
senão Jesus se erguendo em meio à tempestade em alto-mar e ordenando as ondas e
o vento tempestuoso que se aquietassem tão somente...
E de fato como relatam nos
evangelhos, a partir daí houve bonança e eles conseguiram navegar com tranqüilidade.
O mar quando quebra na praia é
mais que bonito, embora, sem os tsunamis...
Do mar subtraímos várias lições
que nos moldarão em paciência, fé e esperança!
Sim dele poderemos ser e promover
a disciplina dos santos que se encorajaram feito Paulo, Saulo e João Marcos e
que juntos enfrentaram maremotos, tufões, correntes marinhas, tempestades,
fome, sede, piratas, grilhões e maus tratos, e tudo pelo confiar no favor
imerecido de Deus a toda a humanidade, onde eles voluntariamente se fizeram de
espetáculo ao mundo antigo e pagão...
O mar de Dorival Cayme, de Lulu
Santos, de Caetano, de Gil, de Jobim, de Chico Buarque, de Drummond, de Jorge
Amado, de Renato Russo, de Cazuza, de Vinícius, de Toquinho, de Elis, de Flávio
Venturini, do afro-descendente, do negro, do mulato, do cafuzo, de mameluco, do
índio, do branco, do europeu, do americano, do asiático, do
africano e dos aborígenes – todo este Mar e a sua fauna imensa podem ser contemplados
pelos olhos-coração-espírito de quem faz dele, o seu cartão postal para a
escrita, o seu meio de sobrevivência, o seu lazer.
Sim, o mar quando quebra na praia
é bonito!
Como diz a canção de Caymmi na voz
de Daniela Mercury.
Mano Serafim (Baiano de boa)
Mano,
ResponderExcluirEu deixei para "ruminar" este texto com calma porque sabia que deste tema saíria muita coisa bela, ainda mais vindo de suas reflexões. Sempre fui, como 99% (rsrs)da população, admiradora do mar. Ele nos fala, e muito, sobretudo da soberania de Deus, só o seu elemento primeiro, a água já dá "pano para manga", ou melhor "ondas para qualquer escritor". A dualidade turbulência e calmaria já denota muita coisa, sobretudo na caminhada cristã. As vidas existentes dentro desse grande "ventre" é outra coisa muito salutar a ser analisada, e você conseguiu destacá-las. Quando comecei a lê-lo imaginei fui levada a imaginar a cena estando, como você, defronte ao mesmo. Ah, o mar.... o seu cheiro....o seu som... a sua extensão... sua cor....Parabéns mano por mais este texto.
Maeli
ExcluirVocê disse tudo...nas entrelinhas das ondas!
Obrigado
Mano