sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

O mar...



                 O mar...Por Mano Serafim

Do olhar indistintamente sereno de Dorival Caymmi se vislumbra que o mar quando quebra na praia é bonito. Do azul-verde cor do mar a brancura espumante das ondas ao bramir selvagemente nas encostas rochosas se registra a sua imponência ante a natureza...,
Sua imensidão de águas, ora inquietas, ora em bonança, aliado aos ventos que formam o fenômeno das ondas que lambem avassaladoramente as areias das praias tirando e devolvendo grão por grão ao seu devido lugar.
No mar se escondem incríveis seres de imensurável beleza – das imensas criaturas marinhas em regiões abissais aos minúsculos  mexilhões em regiões rochosas costeiras (indicador de poluição marinha e grande produtor pérolas semelhante as ostras)..., quanto aos seres tidos como algas marinhas, os quais agem no equilíbrio para o ecossistema (fauna e flora) marinho, produzindo e liberando toneladas de oxigênio para a biosfera, e por outro lado existem as águas-vivas (as medusas dos oceanos) possuem um mecanismo de defesa contra os predadores, elas possuem um espinho que liberam uma toxina (veneno) capaz de paralisar o cérebro de uma baleia em questão de segundos, como pequenos peixe para seu alimento.
Pergunto: quem num banho de mar ressaqueado nunca se deparou com uma água-viva – a sorte nossa na maioria das vezes é que quando elas vêm à superfície já estão mortas e daí as suas toxinas se diluíram na água e o contato com a nossa pele ocasionam apenas uma queimadura branda (risos), na verdade eu nunca tive este desprazer no mar.
De uma fauna aquática rica de vegetais chamados plânctons que alimentam os grandes predadores dos mares, os tubarões brancos e suas ninhadas a um espetáculo de cores em uma nuance e gestos sincronizados do peixe-palhaço (psicodélico)  flagrado pelas lentes da câmera do mergulhador...,
E o que arrazoar sobre o mecanismo inato dos polvos miméticos? Eles se camuflam extraordinariamente de acordo com o ambiente em estejam escondidos, de plantas, mocas, arrecifes e até mesmo objetos estranhos como um navio afundado há anos – eles se camuflam e ficam da mesma cor do objeto da embarcação submersa.
Abaixo da Plataforma Continental onde o acesso a luz solar é impossível habitam criaturas exóticas e esteticamente pré-históricas aos olhos perquiridores da ciência.
Pescadores e velejadores se entregam ao mar aberto, e por mais tecnologia disponível que obtenham, nenhum homem é capaz de discernir do que será em alto-mar.
São fatos históricos os acidentes com várias embarcações de grande e de pequeno porte; naufrágios mil; afundamentos de navios de guerra; sem registrar as caravelas expedicionárias que foram engolidas pelos oceanos antes de atracarem num punhado de terra por vários continentes por ai afora...,
Pela fé homens se embrenharam com as suas naus dentro dos oceanos sem destinos algum, porém, a fim de chegarem às terras que lhes completassem seus sonhos de construir riquezas incontáveis..., descobriram as minas do rei Salomão: as Índias que não era a [Índa], mas índias, as mulheres dos índios..., terras férteis, ouro, pratas e toda a sorte de espoliação.
De certo que muitos poetas e escritores fizeram seus poemas em plena navegação com seus olhos microscópicos e sentidos aguçados lançados ao mar. e outros nem ao mar se lançaram verdadeiramente, e até hoje desconhecem que suas águas sejam salgadas.
O medo do mar se materializou ultimamente pelo mistério que engloba o triângulo das Bermudas ou como popularmente é chamada, a garganta do diabo..., neste lugar tudo que passa por perto dele é tragado, desaparecem sem deixar pistas – semelhante a um buraco negro no cosmos!
Quem nunca parou pra ouvir estórias de pescadores acerca do mar?
Na antiga Grécia se ouvia a estória mitológica do monstro marinho que engolia embarcações repletas de pessoas em alto-mar, a famigerada serpente marinha, Leviatã.
Da mitologia grega aos mares brasileiros em costa pernambucana na praia de boa viagem no Recife-Pe, um filho dos mares, um shark (tubarão) abocanhou um surfista pensando ser alimento..., sabendo-se que tubarões detestam sangue e carne humana assim que eles mordem e sente o sabor do sangue humano na boca eles vomitam imediatamente (eles adoram filé de golfinhos e as sardinhas frescas).
Do que dizer sobre a riqueza de nossas costas marinhas em peixes e mesmo assim compramos peixe do outros países para nos alimentar...,
Os salva-vidas alertam; “água só até na cintura acima disso é afogamento certo!”
Ora, e quem que já brincou com as ondas num veraneio nunca tomou um caldo de uma onda?
Isso que é diversão (com dois “S”)...,
Confiar no mar é não temer e respeitar a sua força, mistério e soberania!
Eu, em particular o respeito e muito...,
Ora, e os discípulos de Jesus ficaram impressionados com a calmaria do Mestre em sono profundo sobre a proa de um barco, o mar nesta ocasião estava revolto e eles apesar de serem pescadores experientes se borraram de medo.
Jesus desperta não pela rebeldia das ondas que ameaçavam virar a embarcação onde eles estavam navegando, mas por causa do medo e da algazarra de seus discípulos.
E o que os evangelhos registram senão Jesus se erguendo em meio à tempestade em alto-mar e ordenando as ondas e o vento tempestuoso que se aquietassem tão somente...
E de fato como relatam nos evangelhos, a partir daí houve bonança e eles conseguiram navegar com tranqüilidade.
O mar quando quebra na praia é mais que bonito, embora, sem os tsunamis...
Do mar subtraímos várias lições que nos moldarão em paciência, fé e esperança!
Sim dele poderemos ser e promover a disciplina dos santos que se encorajaram feito Paulo, Saulo e João Marcos e que juntos enfrentaram maremotos, tufões, correntes marinhas, tempestades, fome, sede, piratas, grilhões e maus tratos, e tudo pelo confiar no favor imerecido de Deus a toda a humanidade, onde eles voluntariamente se fizeram de espetáculo ao mundo antigo e pagão...
O mar de Dorival Cayme, de Lulu Santos, de Caetano, de Gil, de Jobim, de Chico Buarque, de Drummond, de Jorge Amado, de Renato Russo, de Cazuza, de Vinícius, de Toquinho, de Elis, de Flávio Venturini, do afro-descendente, do negro, do mulato, do cafuzo, de mameluco, do índio, do branco, do europeu, do americano, do asiático, do africano e dos aborígenes – todo este Mar e a sua fauna imensa podem ser contemplados pelos olhos-coração-espírito de quem faz dele, o seu cartão postal para a escrita, o seu meio de sobrevivência, o seu lazer.
Sim, o mar quando quebra na praia é bonito!
Como diz a canção de Caymmi na voz de Daniela Mercury.
Mano Serafim (Baiano de boa)

2 comentários:

  1. Maeli Silva Lisboadomingo, 29 janeiro, 2012

    Mano,

    Eu deixei para "ruminar" este texto com calma porque sabia que deste tema saíria muita coisa bela, ainda mais vindo de suas reflexões. Sempre fui, como 99% (rsrs)da população, admiradora do mar. Ele nos fala, e muito, sobretudo da soberania de Deus, só o seu elemento primeiro, a água já dá "pano para manga", ou melhor "ondas para qualquer escritor". A dualidade turbulência e calmaria já denota muita coisa, sobretudo na caminhada cristã. As vidas existentes dentro desse grande "ventre" é outra coisa muito salutar a ser analisada, e você conseguiu destacá-las. Quando comecei a lê-lo imaginei fui levada a imaginar a cena estando, como você, defronte ao mesmo. Ah, o mar.... o seu cheiro....o seu som... a sua extensão... sua cor....Parabéns mano por mais este texto.

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    Respostas
    1. Maeli

      Você disse tudo...nas entrelinhas das ondas!
      Obrigado
      Mano

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