Por Mano Serafim
Deus (o retorno)... Eu (o rio) e o Crepúsculo (a morte)...
Se eu não fosse quem sou. Deus não existiria, logo sou um ser pensante, portanto sou eu na minha existência humana a imago do divino ser.
Sou uma coisa pensante, porém, para pensar, é necessário ser. Sou, portanto um ser, um espírito imortal.
É essa a primeira coisa que eu, como questionador, posso conceber clara e distintamente como verdadeira.
A arte da dúvida me acende a vela filosófica que se consome, iluminando!
A humanidade é crepuscular. Tudo um dia se vai. Nada permanece. O homem é belo e efêmero e o eterno como o crepúsculo, mas o que a memória ama isso se imortaliza.
Não me deixo enganar pela imagem que aparece diante de meu glóbulo ocular que ver a morte como perecível a todos os viventes, aliás, não se deve fiar-se na tese dos que afirmam perecerem os espíritos com o corpo físico e que tudo é destruído pela morte. Sugere-se então neste instante desprender-se da filosofia e se apegar a espiritualidade do Evangelho, aos magmas abissais da primeira e da segunda morte em Deus – o retorno...,
Salve-salve ao imperador cristão Constantino com a instituição das gaiolas do limbo e purgatório sofistas...,
Retomo ao gênesis da questão, a vida é um rio que corre... O crepúsculo e o rio oferecem a lição de que nada temos. No rio-eu, tudo é permanente, mas é também despedida- é crepúsculo. Os grandes rios são como as almas dos homens: efêmero e o eterno caminham sempre juntos. Com efeito, a vida é crepuscular se esvai dentro do tempo e do espaço linear, e a cada final do dia se repete, porque sempre está em direção ao Retorno - Deus. Tudo flui. Nada permanece. E esse crepúsculo somos nós. Somos belos e efêmeros como o crepúsculo.
Todavia, para nos tornarmos sábios, precisamos ser discípulos da morte, porque a vida é eterno retorno – uma espécie de carrossel que gira e não pára na eternidade. (E não adianta fazer rodeios: ao final, todos morrerão.) Há prisões-gaiolas que somente a morte é capaz de abrir. Os fios invisíveis das coincidências estão sempre amarrados “do lado de lá”. Nada acontece por acaso, E, recapitulando, “aquilo que a memória guardou fica eterno” – teologicamente se diz que o homem será julgado segundo o seu conhecimento diante de bem e do mal, ainda que fique entre a cobiça da Árvore da Vida e ao degustar da árvore da morte...,
O Senhor Jesus discorreu sobre a superação do caos da morte, abrindo janelas à eternidade. Às portas da morte, ferido e maltratado, ele foi extraordinário: fez poesia no caos, em sua evidente prova de que não tinha medo da morte e nem da dor. Sua mensagem de superação da morte e da eternidade era absoluta segurança. Ele sabia que como um dia o rio passaria, e o crepúsculo chegaria, mas o retorno seria inevitável.
Porém, para se compreender essa mensagem com profundidade, é preciso primeiro dominar o mundo de dentro (comummente o homem explorou mais o universo cósmico do que mesmo o seu mundo eu-ego-interior), conhecer a si mesmo. Não é possível enxergar-se muito se os olhos da alma enxergam pouco, ou pouco podem ver devido ao argueiro que fora posto pela dureza do coração. Entretanto, se os teus olhos forem luz, inevitavelmente todo o teu corpo resplandecerá semelhante a um luzeiro de um corpo celeste.
Bastasse souber que no ciclo evolutivo da vida, a morte não existe: o que existe é a impermanência das formas, assim como a vida se apresenta com suas adaptabilidades multiformes conforme a existência do seres vivos. Para tanto, é preciso naturalmente que haja um final cíclico; que, à imago das bagas e dos frutos, a vida, espontâneamente, chegada sua hora, murche e caia por terra.
Porém, o sábio deve consentir pacificamente e analisar a luz da i-mortalidade. E creia, é ai que entram os requisitos da sabedoria espiritual, e do discernimento que emancipa o ser – qualificativos que, um dia, todas as pessoas haverão de alcançar...!
É lamentável, porém, que muita gente, apesar de já ter vivido tanto, ainda não tenha aprendido a ver a morte por cima! Há pessoas que não são capazes de desprezá-la completamente, na certeza de que ela provoca o perecimento; e nem de desejá-la, na convicção de que a própria morte confere à alma sua imortalidade, muito embora não haja alternativa (risos destemido de morte -kkk).
O Evangelho alerta que ninguém deve afligir-se com a morte, antes a trata como um “inimigo da raça humana caída”, já que ela dá acesso à eternidade. Deixar a vida terrena é como sair de um albergue onde foi recebido. É como retornar à casa original – a Deus.
Milagre seria se a massa evangélica que se arroga salva não temesse a morte, dito isso se creria bem mais na morte como um retorno a Vida do que mesmo na vida para evitar sua morte, visto que esta vida testemunhada nos púlpitos da cristandade revela que a maioria esmagadora dos evangélicos nunca estivera preparados e mortos de fato para o Mundo, mas com o mundo inteiro vívido dentro de si...,
Por que é tão difícil para o cristão pós-moderno se desvencilhar da vida material e se unir a morte neste mundo?
Seria a New Age Gospel de um amor líquido?
Pense e reflita sobre isso.
Mano Serafim
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