Por Mano Serafim
Certa vez escrevi aqui no blog que Salomão teria sido o primeiro
existencialista da face Terra. Se já existiu alguém preparado para fazer uma
viagem partindo de seu próprio Eu-interior e para fora de si na procura do fado, este cara seria apropriada-Mente o
Rei Salomão, o Pregador.
De todas as parias de Adão, o sábio Salomão sobressai perceptivamente
dos demais homens cujas mitocôndrias herdaram de Eva...
Diante dos paradoxos do existir nenhum mortal estaria imune quanto a ambivalência da alma... Aliás,
como bem pregou Salomão em relação ao estado emocional de tempo em que
circunstancial-Mente poderá estar à alma, haverá tempo de:
“Tempo de matar,
e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar; Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e
tempo de dançar; Tempo de espalhar
pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de
abraçar;
Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora; Tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar; Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.” (Ec.3.3-8).
Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora; Tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar; Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.” (Ec.3.3-8).
Alerta se torna o ser em que se sustenta uma
simultaneidade de sentimentos conflitantes. É obviamente possuir pensamentos e
emoções simultaneamente positivas e negativas em relação a alguém ou uma determinada
coisa.
Um exemplo bastante comum de tal ambivalência é o ser-pessoa
poder amar e odiar ao mesmo tempo uma pessoa de sua convivência... a parte
instintiva da alma humana age inconscientemente por impulsos em virtude do inconsciente.
Todavia, hoje utilizamos outra expressão para descrever
ambivalência, indiferença. Como da mesma forma que hoje chamamos da tristeza profunda,
depressão!
Psicologicamente se sabe que a ambivalência que
ocorre no campo mental pode levar o indivíduo à evasão ou deliberada tentativa
de resolver a ambivalência...
Outra expressão que soa escandalosa-mente proibitiva é
a palavra tabu, tabu é um termo cujo significado diverge em dois sentidos
contrários. Se por um lado significa “sagrado, consagrado”, por outro significa
“misterioso, perigoso, proibido, impuro”. Assim, a palavra “tabu” traz em si o
sentido de algo inacessível, expresso por proibições s e restrições.
Entretanto, tais restrições por incrível que pareçam
não estão baseadas ou ligadas a nenhuma ordem divina (religiosa ou moral). Enquanto procuramos incansável-mente todo o
objeto que possa nos estereotipar a maneira perfeita de ser, haverá inúmeras
ambigüidades visto que – “A alma do homem é uma vaga que pensa” -
Victor Hugo.
E segundo Freud: “A base do tabu é uma ação proibida
para cuja realização existe forte inclinação inconsciente”.
Daí um desejo mórbido de odiar a quem sempre amou (a
mãe de seus filhos); de pegar e largar pelo caminho um ente/paixão/desejo/sentimento
ambígua-mente não essencial a fragrância do ser hominal...
Torna-se essencial-mente esmagado a incerteza do fado
-, não há segurança no que tange ao destino do improvável...
Salomão disse que o homem é o que ele assim
pensa ser...!
E mesmo assim a nossa ambivalência inata
cria uma resignação tal, quando a situação não requer uma decisão a
ser feita, as pessoas têm menos desconforto mesmo quando sentimento
ambivalente. E ai é à hora de nossa decisão tida como obviamente subjetiva
(risos).
Se hoje sou alegria amanhã tristeza sou; se hoje tenho
vida amanhã em grilhões de morte estou; se hoje eu sou estrela amanhã já se
apagou...,
Ora, a verborragia de Salomão emite “ação” contínua: “O
que é já foi; e o que há de ser, também já foi; e Deus pede conta do que passou”.
Ele prossegue em processo de autoconsciência norteadora
própria de ser humano e diferente dos outros animais:
“Disse eu no meu coração, quanto a condição dos filhos dos homens, que Deus os provaria, para que assim pudessem ver que são em si mesmos como os animais”.
Entretanto, se o conhecimento de si mesmo acarreta dores, o que dizer do amor ao destino (amor fati )?
“Disse eu no meu coração, quanto a condição dos filhos dos homens, que Deus os provaria, para que assim pudessem ver que são em si mesmos como os animais”.
Entretanto, se o conhecimento de si mesmo acarreta dores, o que dizer do amor ao destino (amor fati )?
A insustentável essência de Ser, a insustentável leveza do
ser está esmagadora-Mente relacionada com o amor pela morte, cujo destino seu
seja certo!
Para muitos o amor
fati se configura como uma atitude heróica diante do destino, em especial a
morte, que chega a transformar morte num
acontecimento festivo, amado, esperado, como proclama o Evangelho pela boca dos
apóstolos de Cristo – Morrer em Cristo seja lucro.
Santo Agostinho endossa o ato
heróico que constitui este amor, de uma perspectiva cristã, pelo peso que o
destino possa nos reservar, afirmando que: "o nome fati (fado) nos
faz fugir com horror, sobretudo por causa do vocábulo que ninguém se acostumou
a entender o sentido verdadeiro."
E você que se intitula um cristão
existencial tem fobia da morte?
Ambivalente não? Pregamos a ressurreição e tememos
a morte – antes contrariemo-la como fez Paulo, fazendo dela a última inimiga
nesta existência caída a ser vencida pela glorificação de tudo que em nós se
manifeste como ignomínia inata...
Por isso o chamado
do evangelho signifique correção interior
e limpeza mental, daí poder se olhar para o exterior ou para fora sem
hipocrisia. Porém, despido de si mesmo e com outra roupagem senão “vestes
brancas”.
Por
outro lado, uma vez que a doutrina filosófica propõe
a indiferença em relação ao que é externo ao homem,
o amor fati é compreendido como uma
atitude de indiferença ao sofrimento e
tudo aquilo que ao homem é acidental, como forma de anular o conflito expresso
no célebre ditado estóico: "guia
quem consente e arrasta quem recusa."
O
Amor Fati-DICO também pode ser
utilizado para a aceitação virtuosa e serena do destino (fado
no sentido de predição, oráculo-revelação)
que Deus reservaria
a cada um dos seres. Como exemplo ideal em Cristo por
sua vida vivida intensamente e dedicada a servir ao próximo, em sua reserva e
força para com a paixão e
seu fim trágico na crucificação.
Portanto,
na perspectiva bíblica, o verbo e a ação amor, se dá em Marcos 12:30-31, quando
Cristo, sendo questionado sobre qual era o mandamento mais importante,
respondeu: "Ame o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, com
toda tua vida, de todo o teu entendimento e de toda a tua força. Sendo o seu
segundo: Ame o teu próximo como a ti mesmo. Não existem mandamentos maiores do
que estes.
E
com todas as ambigüidades e ambivalência n’alma Salomão ainda pode perceber: “Há alguma coisa de que se possa dizer:
Vê, isto é novo? Já foi nos séculos passados, que foram antes de nós”. (Eclesiastes 1:10).
E para quem esperou neste artigo proposto
por mim ou dramatizou que eu iria romantizar ainda mais o espírito romancista
de Kundera, se enganou visceral-Mente, pois, para além do bem e do mal, a
complexidade do homem implica na dês-complexidade de Deus no entremeio de uma
comunhão de Perfeição e Imperfeição,mas que em comum exista santidade!
Portanto, a minha sugestão é que você
encare a sua alminha com tal codinome: Ambivalência!
Creia, ainda por um pouco de tempo
teremos que conviver como sujeito que se pode conhecer por tal nome,e depois se
cumprirá o que fora dito por Jesus;”Limpará toda a lagrima, pranto e dor de sua
alma,ou seja, a ambivalência dará lugar ao Vir a Ser-Ente-Amor assim como Deus
sem ambivalência alguma é puro amor!
Pense e reflita sobre isso,
Beijo,
Mano Serafim
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